terça-feira, 16 de novembro de 2010

UMA JUSTA HOMENAGEM!

    Imaginem o início dos anos 70... Juventude pós movimento estudantil , na base do: "Paz e Amor"; "Faça Amor Não Faça Guerra"; "Alegria, Alegria"... E de repente, eu conheço um garoto que, no primeiro encontro, mencionou várias vezes sua mãe, com admiração e respeito. E não era mofino, era "porra louca" igual aos outros. Pensei: eita, aí tem coisa!
    Agora imaginem que, na decada de 50, numa mulher, mãe de seis filhos, sai de Canavieiras, sul da Bahia, e vem para Salvador fazer cirurgia de laqueadura de trompas. Uma novidade até para as moradoras da capital.Ela não pediu opinião nem comentou com ninguem. Tomou sua decisão, viajou 600km por estradas horríveis ( não havia BR101) e veio resolver o SEU problema.
    A mulher das duas situações é a mesma: D. Alvacy/Mainha, minha sogra.
    Esta mulher criou com mão de ferro (era preciso) e muito humor, seis filhos, cinco ou mais sobrinhos, trabalhou ao lado do marido, acolheu todos que precisavam. Todos a obedeciam, inclusive noras e genros.E ela interferia na vida de todos com a maior sem-cerimônia!
    Eu tive o privilégio de ser a nora caçula. Ao chegar, confesso, demarquei meu território. Isso fez com que ela me respeitasse e tratasse como a "uma igual". Isso me encheu de orgulho. Eramos cúmplices, parceiras, confidentes uma da outra.
    Se eu fosse contar os "causos" de Mainha, teria que escrever um blog só para eles. Desde apelidar o sobrinho em crise de diarréia de "cú luminoso" até subir no pé de carambola aos 72 anos...Haja estórias.
    Foram 35 anos de convivência. Destes tres momentos me marcaram indelèvelmente:
    - Em um Natal, com toda a família reunida, eu armei (confesso kkk) para ser tirada por ela no "amigo secreto". O seu discurso à meu respeito foi tão elogioso e veemente que eu fiquei emocionada e constrangida pela presença das outras noras e filhas. Ela me amava!!!
    - Em uma outra oportunidade, ela me confidenciou que eu parecia mais filha dela do que as próprias filhas ( desculpem cunhadinhas)
    - Quando meu casamento estava "fazendo água", ela me disse: "você e meu filho vão se separar. Ele será seu ex-marido mas você sera SEMPRE minha filha. E assim foi.
    Mainha, que nunca foi minha sogra, era isso: forte, audaciosa, destemida, sagaz, alegre. Uma mulher à frente do seu tempo.
    Eu a admirava e amava muitíssimo.

   
    Vou dar a voces umas das deliciosas receitas dela.


              FRIGIDEIRA DE SIRI

    Para meio kg de siri catado, use oito ovos. O siri deve ser refogado em azeite doce e temperos (cebola, alho, tomate, leite de cõco e azeite de dendê). Batem-se primeiro as claras e depois as gemas, põem-se uma pitada de sal e uma colher de farinha de trigo para encorpar. Mistura-se no fogo o refogado com os ovos, deixando-se de parte um pouco deles, o suficiente para cobrir o prato. Põe-se a mistura numa forma de vidro e cobre-se com o restante dos ovos. enfeita-se com azeitonas, rodelas de tomate e lascas de pimentão. Leva-se ao forno para dourar.

3 comentários:

  1. E minha mãe amava tanto essa mulher que deu à sua única filha o nome dela. Confesso que não é fácil se chamar Alvaci e agradeço pelo apelido que me deram logo cedo, Cicy, mas não trocaria esse nome por nada nesse mundo. Com uma referência como essa citada acima, como poderia jogar fora essa homenagem? E ela sempre me chamou de "xarazinha", coisa que me deixava mega feliz! Tenho muito orgulho do meu nome!

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  2. Nossa dona Cel, que homenagem! Quanta inspiração!!! Muito legal!!! Gostei muito!
    Manda o link pra dotor Joaca!
    Te amo!
    Sandro

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  3. Celzinha, fiquei muito emocionada com sua homenagem. Minha vó, foi e sempre será a "vó perfeita", aquela vó que todos queriam ter. Companheira, amiga, carinhosa, presente, exemplo de vida. Ela sempre foi uma referência muito forte para mim. Obrigada por essa homenagem!!!
    Bjs

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