terça-feira, 23 de agosto de 2011

A HORA DE DESCONSTRUIR

     Vocês devem estar se perguntando: O que é isto? Porque nós fomos criados para CONSTRUIR...Uma carreira, um casamento, uma família, a casa própria, um futuro. Ninguem nunca nos disse que, algum dia, nos teríamos que desconstruir ... E levamos a vida construindo, aprimorando, ampliando, melhorando.
    E não é que, de repente, chega um momento, no qual nunca pensamos e para o qual ninguem nos preparou, nem mesmo alertou: a hora de desconstruir!
    Pois é, o casamento se desfez, os filhos deixaram o ninho e nos sobrou uma casa grande, vazia, despendiosa... E os conselhos chegam aos borbotões: você precisa de mais segurança; um apartamento pequeno é mais econômico; um Flat dá mais segurança e menos trabalho Nós ponderamos e concluímos que filhos, irmãos, amigos estão certos.
    Mas, como enfiar uma vida em um pequeno ap? O que fazer com nossas lembranças, com tudo que amealhamos em quatro décadas de vivências? Como vamos nos desfazer do souvenir daquela viagem especial? E do uniforme do primeiro dia de aula de cada um dos filhos? E da roupinha de recém nascido bordada pelas mãos hábeis daquela velha tia? Como deixar para trás, sem dor, como se fôsse um sapato velho, a casa onde guiamos os passos vacilantes, ensinamos as primeiras palavras e acalentamos o choro dos nossos filhos? Como dar as costas a essas paredes onde ainda ecoam os risos infantis, adolescentes, adultos...As brigas, as reconciliações, as alegrias e tristezas, derrotas e esperanças de uma família que criamos, protegemos e amamos tanto?
    Falo "NÓS" porque eu não sou a única que terá que enfrentar esta realidade tão difícil! Portanto, quero deixar registrado o meu protesto: Deviam ter nos avisado que existe a "HORA DE DESCONSTRUIR"
    Como os aromas também fazem parte das lembranças desta casa, vou dividir com vocês a minha receita de pãozinho de queijo.  Ela vai, em especial, para Carol Barreto, a melhor amiga da minha filha, na época da Escola Girassol.

                                  PÃOZINHO DE QUEIJO

Ingredientes:
2 xíc. de polvilho doce
1 xíc. de leite
1/2 xíc. de óleo
1 ôvo
1 colh. chá de sal
50 gr. de queijo parmesão raladao

Preparo:
Coloque todos os ingredientes no liquidificador, menos o polvilho.
Ligue o liquidificador e vá acrescentando o polvilho às colheradas.
Bata bem e, em seguida coloque em forminhas de metal untadas com óleo.
Forno quente por cerca de vinte minutos (depende do forno). Coloque
as forminhas bem separadas por que o pãozinho cresce, embora não
leve fermento.

Beijos para todos!!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BAIANIDADE

    Que a Bahia é radicalmente diferente de qualquer outro lugar, ninguem tem dúvida. Que o baiano é um ser único, também não.
    E estão muito errados aqueles que dizem que o baiano é preguiçoso, irresponsável, e outor adjetivos pouco delicados, estimulados pela inveja. Com certeza.
    Afinal, prá que correr se dançando chegamos ao mesmo lugar, menos cansados e mais felizes? Prá que vociferar se cantando o entendimento fica mais fácil e prazeroso?
    O baiano nasce com a música no corpo (ela está no sangue, nas células, no cérebro...) e a Fé no coração. Então, como não atender ao sagrado chamado dos atabaques e timbales? Como não correr para as lavagens das igrejas dos santos protetores? São tantas as obrigações! Depois bate uma sede... Têm-se que "tomar uma"...Mas o primeiro gole é do santo.
    Sendo assim, como culpar o pobre baiano se a Lavagem do Bonfim cai numa quinta-feira? Temos que subir a Colina Sagrada para pedir proteção para o ano que começa e receber as bençãos do Senhor do Bonfim/Oxalá. E o dia 2 de Fevereiro, dia de homenagear Yemanja, este ano cai numa quarta ou o 4 de Dezembro dia de Yansã/Santa Bárbara em um dia chamado útil? Como não ir à missa na Igreja do Rosário dos Pretos, à procissão logo depois e ao caruru que completa o ritual?
    Sol, muito calor, sede... E ainda tem: São Lázaro/Omolu, Cosme e Damião, Conceição da Praia... São mesmo muitas as obrigações!!!
    Dessa forma é claro que o trabalho fica um tantinho prejudicado. Mas é só ter muuuuita caaaalma que tudo se resolve.
    Ser baiano é ser malemolente, dengoso, chameguento, generoso e hospitaleiro. Aqui sempre cabe mais um em carro superlotado (vai no colo); você é servido na calçada porque a casa encheu (festa porreta é assim); uma única latinha de cerveja é dividida democraticamente com todos (cachimbo da paz).
    Prá encerrar, em que outro lugar do mundo:
- Palavrão é adjetivo e não xingamento - "Porra véi, tá caro prá carai" ou "Eita agora fodeu o baba"(deu tudo errado);
- Filho de Gandhi troca colar por beijo na boca;
- Carnaval dura 7 dias e só termina na noite de quarta-feira de cinzas;
- Contabilizar quantas bocas beijou em cada dia de carnaval é costume sacramentado?
.    Baianidade é isso. Mas tem muito mais...Só vindo aqui prá sentir!


                       CHAME GENTE
                                           Morais Moreira

    Ah! Imagina só que loucura essa mistura
    Alegria, alegria é o estado que chamamos Bahia
    De Todos os Santos, encantos e Axé, sagrado e profano o Baiano é carnaval
    Do corredor da história, Vitória, Lapinha, caminho de Areia
    Pelas vias, pelas veias, escorre o sangue e o vinho, pelo mangue Pelourinho
    A pé ou de caminhão não pode faltar a fé, o carnaval vai passar
    Da Sé ao Campo Grande somos os Filhos de Gandhi, de Dodô e Osmar
    Porisso chame, chame, chame, chame gente
    Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta
     É um verdadeiro enxame, chame, chame gente
    Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta.

    Beijos baianos à todos!!!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Do séc. XX ao XXI

    Dia destes estava conversando, com meu filho, sobre como é impossível a cabecinha de uma criança de hoje conceber o mundo sem computadores, jogos eletrônicos, tel. celular.
    Só que meu filho já teve uma infãncia com Atari, MSX, televisão colorida e via satélite.
    Imaginem agora, entrando no túnel do tempo, anos 50, uma cidadezinha do interior do Maranhão...
    Era Bacabal. A cidade dividida pelo Rio Mearim, que na época das cheias invadia a Trisidela ( margem dos pobres) e expulsava a todos de suas casas. Muitas famílias desabrigadas eram alojadas nas usinas de arroz que paravam na entresafra. Uma delas era do meu pai que fazia questão de nos levar para conhecer aquela realidade.
    Naquela época só havia televisão nas capitais. O rádio era o agregador das famílias. Ao pé dele nos reuníamos para ouvir o Reporter Esso, as novelas ou romances radiofônicos em capítulos, os grandes cantores em programas de auditorio, os jogos da Copa do Mundo de 1958.
    Mas a principal diversão na nossa casa eram os livros e revistas. Nossos ou emprestados. Nesses velhos tempos a prática democrática de emprestar ou tomar emprestados livros e revistas era enormemente difundida. Lembro que os livros eram cuidadosamente encapados com papel de embrulho ou de presente quando conseguiamos. Possuir livros era um motivo de orgulho e dava status.
    Assim, minha infância  foi embalada por estórias de Monteiro Lobato, Ésopo, Irmãos Grimm e HQ de Luluzinha, Bolinha, Os Sobrinhos do Capitão e os gibís de faroeste, com trilha sonora de Sérgio Murilo, Paul Anka, Agostinho dos Santose muitos outros. Walt Disney ainda não havia, como hoje, massificado a literatura infantil.
    A nossa maior alegria era a chegada de novos livros e revistas ou quando fazíamos novas amizades e descobríamos uma farta biblioteca a explorar.
    Muito bons estes tão velhinhos tempos.
 
     MARCIANITA  -  Sérgio Murilo ( música lançada em 1960)

Esperada marcianita
Asseguram os homens de ciência
Que em dez anos mais tu e eu
Estaremos bem juntinhos
E nos cantos escuros do céu
Falaremos de Amor
Tenho tanto te esperado
Mas serei o primeiro varão
A chegar até onde estás
Pois na terra, sou logrado
Em matéria de amor
eu sou sempre passado prá trás
Eu quero um broto de Marte
Que seja sincero
Que não se pinte, não fume
E nem saiba sequer
O que é rock'nd roll
Marcianita branca ou negra
Gorduchinha, baixinha, magrinha ou gigante
Serás meu amor
A distância nos separa
Mas no ano setenta felizes
Seremos os dois.

   Beijos para todos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

NATAL: ONTEM E HOJE.

    Lembro dos natais da minha infância com Missa do Galo (meia-noite), quermesse na praça da igreja, ceia depois da missa e, é claro, Papai Noel.
    Depois saiu o Papai Noel porque eu descobri que, na verdade, ele era Mamãe Noel; saiu a quermesse porque nos mudamos para a capital. Mas, continuou a alegria da família reunida, os segredos compartilhados na escolha dos presentes, o amor aflorando nos menores gestos.
    Acho que, para mim, o Natal é principalmente uma oportunidade de demonstrar amor, apreço, consideração. Seja na escolha minuciosamente estudada dos presentes, nas mensagens dos cartões, no preparo da ceia, atendendo as preferências de cada um.
Para isso é im prescindível estarmos todos juntos.
    Este ano foi diferente. Nãovou dizer que foi triste porque, à custa de muito esforço, consegui superar (ou seria sufocar?) a imensa falta que meus filhos Sandro e Robertinha fizeram. Eles estão do outro lado do oceano, em Londres, e não puderam vir.
    Mas eis que o milagre da tecnologia e da modernidade aconteceu. Ligamos nossos laptops, entramos no Skype e, através da webcan, festejamos o Natal todos juntos, como deve ser. E por duas vezes: o nosso à meia-noite e o de Londres tres horas antes.
    Aí estão as fotos que comprovam que para o amor e a internet não existem barreiras.



    Beijos para todos!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O OLHAR DO OUTRO...

    Às vezes ficamos presos no círculo dos nossos problemas e não conseguimos enxergar nem a mais óbvia saída.`É aí que entra o olhar do outro, desde que nós estejamos abertos e receptivos para ouvir e acreditar que quem amamos e que nos ama, só quer o melhor para nós.
    Vocês já perceberam o quanto o envolvimento emocional nos faz perder a clareza para ver e a capacidade para analisar, com isenção, uma situação de conflito? E como tantas vezes nos damos mal por não querer ouvir uma palavra de alerta, considerando-a uma intromissão?
    Um dia, há anos atrás, quando meu marido (à época) e eu já havíamos perdido a capacidade de dialogar porque falávamos línguas diferentes, o que nos tornava infelizes, eu recebi, do meu filho de 20 anos, uma poesia. Êle a colou na tela do televisor do meu quarto, com uma dedicatória simples: de... para...
    Aquele poema me chacoalhou como um terremoto. Eu o lí e relí dezenas de vezes e... fez-se a luz! Eu não estava feliz e nem me dava conta. Aquele foi um momento de mudança radical na minha vida. Eu resolvi lutar pela minha felicidade...
    Vou repassá-lo para vocês. Quem sabe existe alguem que precisa de uma chacoalhada!

                     INSTANTES
                                     Jorge Luis Borges
    Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
    na próxima vez trataria de cometer mais erros,
    Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
    Seria mais tolo ainda do que tenho sido,
    na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
    Seria mais higiênico.
    Correria mais riscos,
    viajaria mais,
    contemplaria mais entardeceres,
    subiria mais montanhas,
    nadaria mais rios.
    Iria a mais lugares onde nunca fui,
    tomaria mais sorvetes e comeria menos lentilhas,
    teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
    Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e
    produtivamente,
    cada minuto de sua vida;
    claro que tive momentos de alegria.
    Mas, se pudesse voltar a viver,
    trataria de ter somente bons momentos.
    Porque, se não sabem,
    disso é feita a vida,
    só de momentos,
    não percas o agora.
    Eu era um desses que não ia a parte alguma sem
    termômetro,
    uma bolsa de água quente,
    um guarda-chuva e um pára-quedas;
    se voltasse a viver,
    começaria a andar descalço no começo da primavera
    e continuaria assim até o fim do outono.
    Daria mais voltas na minha rua,
    comtemplaria mais entardeceres
    e brincaria com mais crianças,
    se tivesse outra vez uma vida pela frente.
    Mas, podem ver,
    Tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

    Beijos a todos.

domingo, 21 de novembro de 2010

VÊNUS OU VENUSTA

    Voltando a falar de mulheres fortes, que abundam no Nordeste, principalmente na Paraíba, Ceará e Pernambuco, lembrei das façanhas de uma mulher única: Tia Vênus.  
    Nos umbrais do séc.XX, em Itapajé, pequena cidade do interior do Ceará, nasceu uma menina. Família numerosa, bem situada e respeitada na comunidade que girava em torno da Igreja. Sendo assim, cedo a pequena foi levada à Pia Batismal.
    - Como vai se chamar? - perguntou o pároco.
    - Vênus - respondeu o pai orgulhoso.
    - De jeito nenhum - retrucou o padre. E tascou: - Vênos é a deusa grega do amor e da luxúria! Não batizo!
    O pai coçou a cabeça e contra argumentou: - Então vai ser Venusta.
    Essa foi a primeira polémica de uma série...
    Conheci Tia Vênus em meados dos anos 60. Era tia do meu pai. Nessa época já uma matrona, beata e solteirona. Mas esse era só um lado...
    Tia Vênus andava armada de revolver, que carregava na bolsa junto com o terço e o livro de orações. Na rua usava vestido preto, de mangas compridas, como convinha a uma mulher de respeito. Em casa usava camisolões feitos de retalhos coloridos e...mais nada (segundo ela mesma). Falava mais palavrões do que um estivador e adorava piadas picantes.
    Participava ativamente da política local e vigiava as urnas durante todo o período de apuração. Não ia permitir que roubassem votos do seu candidato.
    Também era ferrenha defensora da sua família e propriedades. Certa vez um vizinho tentou avançar nas sua terras, mudando a cerca de lugar. Ela não teve dúvidas: atirou nele de espingarda. Tiro de advertência... O cabra tremeu!
    É por essa e outras que minha sogra quando soube que o filho estava namorando uma cearense, advertio-o: "Cuidado meu filho, mulher cearense anda com uma peixeira debaixo da saia!!!"  Nem tanto...

    Para suavizar vou oferecer a voces uma poesia de um cearense:

                               O TEMPO
                                            Vicente Alencar

    O tempo passa e tudo
    me lembra você.
    Esse amigo comum
    de todos nós
    tem a primazia
    de provocar saudades
    ativar lembranças
    e deixar o amor fluir
    mesmo ferindo o coração.
    O tempo passa
    e meus dias continuam voltados
    para você
    para o seu sorriso
    para o seu olhar,
    para a sua voz.
    Nada é mais importante
    para mim.
    Somente o amor explica
    a ação do tempo
    pois não te esqueço em nenhum momento.

   Beijos e boa semana para todos!!!